No decorrer do século
XVIII, realizou-se plenamente aquilo a que os últimos compositores barrocos já
aspiravam: a criação de uma arte abstrata.
Os classicistas não
pretendiam que sua música fosse linguagem para cantar a religião, o amor, o
trabalho, ou qualquer coisa. Buscavam dar-lhe pureza total, a fim de que o mero
ato de ouvi-la bastasse para dar prazer.
A perfeição da forma era o seu ideal
estético. A abstração completa era o meio que viam para atingi-lo. E essa
abstração eles obtiveram desenvolvendo a Sonata Clássica (ou Sonata-forma) e a
Sinfonia.
Muito antes do
Classicismo, Domenico Scarlatti já havia esboçado as linhas gerais da sonata.
Mas foram dois filhos de Bach - Johann Christian e Carl Philipp Emanuel - que a
fizeram chegar à maturidade como gênero musical.
A sinfonia, por sua
vez, também fôra esboçada por um Scarlatti: o pai de Domenico, Alessandro
(1660-1725). Este elaborara o gênero denominado Abertura italiana, dando-lhe um
movimento dançante extraído da suíte, o minueto. Por fim, os músicos da Escola
de Mannheim na Alemanha, aperfeiçoaram o trabalho de Stamitz, completando a
formulação do gênero sinfônico.
O compositor mais
representativo do espírito classicista foi Joseph Haydn (1732-1809), autor de
uma obra vastíssima, na qual as possibilidades muisicais da sinfonia foram
exploradas com grande riqueza inventiva. Grande destaque tiveram também
François Gossec (1734-1829) e Ludwig Spohr (1784-1859).
A Ópera Séria
A ópera dos palcos
europeus conservava-se presa aos padrões da ópera cômica napolitana desde o
momento em que Alessandro Scarlatti fizera predominar a força emocional do
texto sobre a música de teatro, que foi um foco da atenção dos classicistas.
Cansados desse
"bel-canto" complicado e obsoleto, alguns compositores decidiram
renová-lo, voltando "ao natural" no gesto, na palavra e, em especial,
na melodia. Em vez de sentimentalismo, desejavam uma síntese verdadeira do
sentimento humano.
A iniciativa do
trabalho de tornar séria a ópera coube a Christoph W. Gluck (1714-1787). Era
mestre em Viena, na corte da Imperatriz Maria Teresa. Mas foi em Paris que ele
promoveu a reforma do drama musical.
A refinada corte
francesa do século XVIII se dividia em dois grupos antagônicos. De um lado se
punham os partidários da ópera cômica; do outro ficavam os apreciadores de
Rameau, que procurara manter uma dramaticidade equilibrada em suas composições.
Orfeu e Eurídice de
Gluck, surgiu em 1762, ou seja, dois anos antes da morte de Rameau. Nela não se
podiam apontar virtuosismos vazios. Era despojada de tudo aquilo que agradava
aos "bufões".
Os entusiastas do seu
rival Nicolò Piccinni (1728-1800) lhe moveram guerra, mas sem sucesso. O
caminho aberto por Gluck passou a ser seguido por outros, como Cherubini
(1760-1842), Spontini (1774-1851), Méhul (1763-1817) e Salieri (1750-1825). Um
futuro brilhante se delineava para a ópera.
Mozart - Arte Em
Controvérsia
O classicismo já estava
maduro quando se destacou no cenário musical a figura de Wolfgang Amadeus
Mozart (1756-1791), cuja obra é considerada por alguns como a mais clássica de
todo o século XVIII.
Sobre Mozart, porém as
opiniões variam muito. Seus admiradores qualificam-no pura e simplesmente como
"universal". Já os musicólogos e historiadores destacam o caráter
nitidamente vienense de sua música. De fato, a alegria às vezes melancólica das
composições mozartianas identifica-se com o folclore de Viena, no qual se supõe
haver o compositor buscado inspiração.
Em sua época,
manifestava-se ainda o estilo Rococó e parte da criação musical que ele deixou
denota traços desse estilo. Entretanto, muitas das suas peças, em especial as
últimas, antecipam a música que depois surgiria com Beethoven.
Uma personalidade
musical complexa - talvez seja esta a melhor maneira de definir Mozart. Nasceu
na Áustria e foi um gênio precoce, que desde pequeno se revelou virtuose do
piano. Seu poderoso talento criador dava-lhe um expressão versátil. Escreveu
com a mesma desenvoltura gêneros instrumentais e vocais, criando uma obra que
só não foi mais extensa devido à sua morte prematura.
A Música em
Transição - Beethoven
Entre o fim do século
XVIII e o começo do século XIX, o rígido formalismo clássico estava em
declínio, sem que, no entanto, nenhum outro estilo se pusesse à vista. Mozart
sugeria novas concepções, mas morreu muito cedo, sem chegar a enquadrá-las numa
tendência definida. Uma espécie de expectativa reinava no campo musical. Era a
fase hoje chamada pré-romântica, na qual a obra de Ludwig van Beethoven
(1770-1827) causaria um tremendo impacto, dando a música maior energia.
Beethoven se
considerava "O Napoleão da Música", e com razão. Indiscutivelmente,
era único. Foi o primeiro compositor a impor condições aos editores, numa
desafiadora afirmação da sua individualidade. O racionalismo do século XVIII
não afinava com a sua natureza e ele o deixou gradativamente de lado para
compor com liberdade, dando plena vazão ao seu temperamento impulsivo e
violento, mas também sonhador e bucólico.
A ordem classicista
estabelecia que o desenvolvimento de um tema sinfônico devia conter um ponto de
partida, criar uma tensão e depois aliviá-la com um afrouxamento. Haydn e
Mozart haviam assim composto.
Outros músicos continuavam a fazê-lo, mas
Beethoven não se importou em ser o primeiro a romper com a tradição.
Rebelando-se contra ela, subverteu-a já em 1800, com sua 1ª Sinfonia, que fez
principiar em tensão. E mais: em vez de minueto, o compositor deu ao terceiro
movimento uma forma aproximada à do scherzo, embora conservando aquela
nomenclatura . Suas nove Sinfonias são consideradas insuperáveis.
A contradição esteve
presente na vida e no trabalho de Beethoven. O grande inconformado que
afrontava o Classicismo compunha também sonatas clássicas, as quais, por sinal,
se tornaram célebres. Porém, no conjunto da sua obra, o mestre alemão foi
coerente. Deixou clara a superação do refinamento do velho Classicismo,
denunciando o fim da aristocracia e apontando o romântico mundo novo que estava
pela frente.
(Autor desconhecido)
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